os gays também têm namoradas

domingo, 14 de setembro de 2014



Ora, algures no auge da minha fase bissexual - Oh, sim, eu fui "bissexual" um tempinho, quando percebi que definitivamente não era hétero, e que ser gay dava muito trabalho - apaixonei-me pela primeira vez por um rapaz.

E não foi daquelas paixonites ambíguas que pipocavam constantemente na minha vida - e que eu categorizava sempre de forma inevitável como uma "grande amizade", mesmo que durassem só umas semanitas, e tivessem direito a sonhos eróticos bastante bregas pelo meio - Não.
Teve direito a borboletas no estômago e todas aquelas mariquices muito típicas de primeiro amor.

Seria uma história linear, se o rapaz também não estivesse no armário - acho que o termo que se usa agora é g0y, modernices - e não quisesse pôr a sequer ponderar a hipótese de pôr um pé (ou uma mão, uma mãozinha faz toda a diferença, if you know what I mean) de fora.

Então, como boa bicha enrustida  e amargurada que era na altura, tomei a atitude mais lógica e racional possível para apaziguar o problema do coração partido:

Descobri a rapariguita mais desenxabida e sem graça da faculdade, dei-lhe uns bons dedos de conversa, pedi-a em namoro e ela aceitou.

Afinal, era natural, sendo eu "bissexual".
Aliás, havia aquele resquício de esperança de ser tudo uma fase, e acabar com uma ninhada de filhos numa casa num condomínio na Saldanha.

E aqui começou a minha curta incursão pelo mundo da heterossexualidade...

... que durou pouco menos de um mês, e percebi que não ia dar em nada porque por mais que me esforçasse, não deixava de pensar em rapazes, e a partir do segundo em que perdeu a novidade, o sexo era uma espécie de suplício, (não sou daqueles gays que encara uma vagina como um kraken desgovernado capaz de destruir continentes com o seu poder de sucção, mas não era propriamente uma ideia que me agradasse muito) e isso por si só já diz muito.

Admito que até hoje sinto um bocadinho de remorsos com tudo isto, mas hey, estava na altura da experimentação, e não nos casámos em Las Vegas, foi uma coisa ligeirinha, dentro dos possíveis.

Quando cheguei à conclusão que não havia volta a dar à coisa, levei-a a tomar um cafezinho, sentei-a numa esplanada e terminei tudo com ela, porque... Bem é óbvio porquê né.

E houve direito a todo um drama interminável e a tentativas de reconciliação - quando na verdade eu não estava zangado e isto não era o fim do casamento de dez anos - , e quando lhe disse que não estava mesmo interessado, passei subitamente a ser a bicha manipuladora que magicamente a convenceu a enrolar-se comigo, mesmo depois de ouvir milhões de vezes "Hm, querida, sabes, acho que o teu namorado é gay". 

Porque nestas histórias, a culpa é sempre toda do gajo.

15 comentários:

  1. A fase bissexual é o alivio de um gay por um tempo. A minha só ficou no teórico, por sorte, ou sei lá o que, experimentei a varinha mágica primeiro e não precisei por a prova meu lado heterossexual.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eu já disse aqui no blog, quase todo o gay passa pela fase Bi, daí os bisexuais a sério - que existem mas não são tantos quanto pode parecer - nunca serem levados a sério, o que é meio péssimo mas meio irónico.

      Eliminar
  2. Bem, pelo menos tiveste tomates para acabar tudo com ela. Ao contrário da amioria dos hetero que conheço em que fazem 30 por uma linha para que sejam elas a acabar com eles.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. sim sim, tem muitos caras que enrolam suas esposas por anos a fio, em seus amantes ocasionais e achamque esta tudo certo!

      Eliminar
    2. Oh, isso pelo menos para mim seria uma trabalheira Ana, para além que implicaria ter que ficar com ela mais tempo, só para a levar a acabar. toda a situação foi meio complicada porque pelos vistos tenho tanta sorte com mulheres como com homens, mas digamos que preferi cortar o mal pela raiz em vez de andar a engonhar sem necessidade xD

      Eliminar
  3. Olha, eu nunca cheguei muito perto de uma, mas a definição de "kraken desgovernado" me parece bem adequada ao meu imaginário! e olha, eu ja fiz uma tentativa muito parecida com a sua! grande historia, obrigadopor compartilhar!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Às vezes penso, seria menos constrangedor se tivesse sido só uma tentativa xD.
      Minha melhor amiga e eu ainda falamos em todo esse período como uma "fase negra", meu chernobyl pessoal xDDD

      Eliminar
  4. quase todos temos essa fase de "bissexual"
    podia até hoje ser um casal xD

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há muitos casais assim. Pergunto-me se serão felizes, visto que eu não era xD

      Eliminar
  5. me identifiquei bastante. Só que comigo não considerei uma fase. Me afastei pq não acho vantajoso : elas exigem muito e oferecem muito pouco em troca. Uma " logística " muito desvantajosa pro homem. Depois elas reclamam que falta homem por aí... Rs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Douglas, na Altura o que eu esperava que fosse uma fase, era ser gay mesmo. todo o meu lado homoafetivo que já existia mas que eu não queria bem encarar xD. Comigo foi tudo menos uma escolha. Foi uma escolha só na medida em que não me envolvi com mais mulher porque não me sinto interessado romântica ou sexualmente, e seria mentir pra elas e pra mim rs

      Eliminar
  6. Olha, também cheguei a serbi, mas nunca cheguei a provar da fruta. Como é ?Lol

    ResponderEliminar
  7. A verdade é que um homossexual do género masculino pode sim namorar com uma rapariga, e quando digo isto, digo no sentido literal com o sentimento a que damos o nome de amor/paixão ou o que lhe quisermos chamar envolvido. Um homossexual pode ser biromântico, já que 'sexual' tem a ver com a atracção sexual, algo que pode existir ou não quando amamos outra pessoa.

    ResponderEliminar
  8. Nunca foste bi, basta ler este pensamento: "ninhada de filhos numa casa num condomínio na Saldanha" LOL

    ResponderEliminar

Vá, a comentar enquanto ainda não cobro nada.
Respondo sempre e coiso.
(sou ótimo a motivar as pessoas hein?)